Em matéria exibida no último dia 14, pelo Jornal Nacional da Rede Globo, mostrou que o reservatório de maior volume de água da América Latina é reduzido a um terço da capacidade e se não houver chuva suficiente, poderá contribuir para um apagão no país.
A matéria mostrou que o Lago Serra da Mesa está com o menor nível dos últimos 13 anos. Pior do que agora, só em 2001, o ano do racionamento de energia. Para chegar ao topo da gigantesca represa é preciso subir 440 degraus. Um abismo que separa o nível ideal do atual. O gerente da usina, Wagner Domingues, diz que só muita chuva resolve isso. “Por enquanto, depende de São Pedro”, afirmou.
Muita água é fundamental pra uma usina que tem um papel único na bacia do Tocantins. Além de mover suas três turbinas que geram energia suficiente para abastecer o Distrito Federal, Serra da Mesa também regula os níveis dos reservatórios de outras cinco hidrelétricas, num trecho de 1.500 quilômetros ao longo do rio: Canabrava, Peixe Angical, São Salvador, Lageado e Tucuruí. Toda vez que essas represas precisam de água, é com Serra da mesa que elas contam. Quem também depende desse lago são as cidades da região.
Durante entrevista do prefeito de Niquelândia Luiz Teixeira Chaves ao repórter Marcos Losekann da TV Globo, ele falou de sua preocupação e os transtornos que isso tem causado aos municípios da região. “Hoje já é sentido claramente no meio da população e, junto a todos os segmentos que trabalham nesse setor, o prejuízo que está ocorrendo. Com o nível baixo do lago, os turistas se afastam e muita gente depende desse segmento para sobreviver”, disse Luiz Teixeira.
A segurança do sistema elétrico tem provocado muito debate neste verão brasileiro. O ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, procurou tranquilizar os mais preocupados. “Posso dizer que a situação hoje é muito melhor do que foi o ano passado. Nós estamos com mais de 40% dos principais reservatórios. Não enxergamos nenhum risco de desabastecimento de energia no país. Nenhum risco. Risco zero”, afirmou Edson Lobão.
Por coincidência, no dia seguinte, o Distrito Federal e 13 estados tiveram um apagão, que, em algumas cidades, durou até uma hora. O ministro reafirmou a confiança no sistema, mas já não falou em risco zero. E disse quem vai pagar a conta se o Brasil quiser aumentar a segurança energética.
“Se tivermos que ter uma sobra de energia elétrica para garantir uma segurança ainda maior do que temos hoje, e a que temos hoje é grande, é sólida, teremos que pagar por isso. Se 126 megawatts nos bastam hoje, uma segurança maior seria termos 130, 150, 200. Quanto custaria isto? A quem? Ao consumidor. À sociedade brasileira”, disse o ministro. O Operador Nacional do Sistema ainda não divulgou as causas do apagão do dia 4 de fevereiro. A análise deve ficar pronta na semana que vem.