Em seis meses, número de clientes afetados por ocorrências envolvendo pipas já passa de 90 mil no Estado
Com a chegada das férias escolares e o clima propício para atividades ao ar livre, cresce significativamente o número de crianças e adolescentes que soltam pipas. No entanto, o que parece uma brincadeira inocente pode se tornar um grande problema quando praticado próximo às redes elétricas. A Equatorial Goiás alerta para os riscos dessa prática, que pode causar acidentes graves, além de interrupções no fornecimento de energia de milhares de pessoas.
Somente entre janeiro e junho de 2025, a concessionária registrou 375 casos de ocorrências envolvendo pipas na rede elétrica em todo o Estado, impactando diretamente 99.091 clientes. O número representa um aumento de 87,5% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registrados 200 casos e 28.204 consumidores afetados.
Aumento expressivo reforça atenção para o problema
O crescimento acelerado das ocorrências tem preocupado a Equatorial Goiás. As cidades com maior número de registros em 2025 foram: Aparecida de Goiânia (84), Goiânia (70), Anápolis (23), Águas Lindas de Goiás (19), Rio Verde (17) e Caldas Novas (13). Essas regiões concentram grande parte dos desligamentos provocados por pipas enroscadas na rede, resultando não apenas em prejuízos operacionais, mas em transtornos para a população.
De acordo com o gerente do Centro de Operações Integradas da Equatorial Goiás (COI), Vinicyus Lima, o crescimento nas ocorrências está relacionado à falta de informação e de conscientização sobre os riscos de empinar pipas em locais inadequados. “Quando uma pipa fica presa na fiação, a tentativa de retirá-la com objetos como vergalhão, cano de metal ou vara de bambu pode ser fatal. Mesmo as linhas sem cerol são condutoras de eletricidade se estiverem molhadas, o que amplia o perigo”, alerta o gerente.
Segundo o gerente, os desligamentos causados por pipas geram impacto direto em unidades de saúde, comércios, indústrias e residências. “Não se trata apenas de uma brincadeira. Quando uma pipa atinge a rede, temos que fazer manobras para isolar o trecho afetado, mobilizar equipes, o que demanda tempo e compromete o fornecimento de energia para um número expressivo de consumidores”, explica Lima.
Cerol e rede elétrica são combinações perigosas
Além dos riscos já citados, o uso de cerol e da chamada linha chilena, produtos abrasivos aplicados na linha com o objetivo de cortar pipas adversárias, é crime e traz riscos adicionais. Essas substâncias são altamente cortantes e já provocaram acidentes graves com pedestres, ciclistas e motociclistas. Na rede elétrica, o cerol é capaz de romper fios e cabos, gerando curto-circuito, incêndio e quedas de energia.
“O uso de cerol é ilegal e extremamente perigoso. Além de ser um risco para vidas humanas, ele causa danos estruturais à rede elétrica. Um cabo rompido não afeta apenas o local do incidente, mas pode comprometer o fornecimento de bairros inteiros”, alerta Lima.
A concessionária ressalta que a utilização de cerol é proibida pela Lei Estadual nº 18.627/2014, e o descumprimento pode acarretar multa e apreensão do material. É fundamental que pais e responsáveis fiscalizem o tipo de linha utilizada e evitem o uso desses produtos.
Como soltar pipa em segurança
- Não soltar pipas/arraias perto da rede elétrica. A linha pode conduzir a energia e provocar queimaduras;
- Escolha lugares abertos e espaços livres, como campos de futebol, praças e parques;
- Se a pipa enroscar nos fios, nunca tente usar varas ou subir em postes para retirar;
- Não use material ou fio metálico para fazer pipas, pois conduzem eletricidade;
- Os “temperos” das linhas, feitos com vidro moído, também são extremamente perigosos, pois podem cortar os fios elétricos;
- Evite a utilização de “rabiolas”, pois elas agarram nos fios elétricos, desligando o sistema e provocando choques, muitas vezes fatais;
- É aconselhável ter sempre um adulto responsável acompanhando as crianças no momento da brincadeira;
- Atenção com motos e bicicletas. A linha pode ser perigosa para quem dirige estes veículos.
Em caso de acidente envolvendo a rede elétrica
- O local deve ser isolado para que outras pessoas não se aproximem;
- Não se deve retirar objetos ou pessoas que estejam em contato com fios da rede elétrica até que um profissional qualificado assegure que a energia foi desligada;
- Acionar imediatamente o Corpo de Bombeiros, por meio do número 193, e a Equatorial Goiás, pelo 0800 062 0196.