Mais de cinco mil mudas já foram plantadas. Iniciativa alia conservação ambiental e reequilíbrio do meio ambiente à nova alternativa econômica
O Legado Verdes do Cerrado, Reserva Particular de Desenvolvimento Sustentável de propriedade da CBA (Companhia Brasileira de Alumínio), está realizando a revitalização de uma área de seis hectares, antes ocupada pelo plantio de eucalipto, em Niquelândia (GO), utilizando o modelo de agrofloresta e árvores nativas do Cerrado. Esse sistema produtivo replica os ecossistemas naturais, otimiza o uso da terra e concilia a conservação ambiental com a produção de alimentos.
A Supervisora Socioambiental do Legado, Fabiana Pureza de Almeida, explica que os benefícios da agrofloresta vão além da conservação da biodiversidade. “É um exemplo de que temos alternativas viáveis utilizando ativos que o bioma tem e talvez não estejam sendo aproveitados com todo seu potencial. O sucesso dessa iniciativa pode fomentar modelos que sejam economicamente atrativos para o pequeno produtor e para o grande também, já que, conforme a produção vai ganhando escala, o retorno financeiro também é maior”, detalha.
Desde o início do projeto, em 2018, a área cultivada já chega a seis hectares, com previsão de incremento de mais 11 hectares até o fim de 2020. Mais de cinco mil mudas já foram plantadas, de espécies como limão, banana, goiaba, mandioca, além de espécies do Cerrado como cajuzinho-do-cerrado e baru.
Mesmo estando ainda em seu segundo ano de implementação, a agrofloresta já vem rendendo frutos. “Os limoeiros, por exemplo, têm um ano e já tiveram produção, nos mostrando que estamos no caminho certo da técnica e manejo utilizados”, celebra Fabiana.
Neste aspecto, a supervisora explica que o sistema agroflorestal requer técnicas específicas para propiciar a capacidade regenerativa da área. O manejo na agrofloresta envolve a capina seletiva manual, para controle de mato competição por gramíneas, herbáceas e trepadeiras; e a capina mecanizada com corte de gramínea plantada entre as linhas de produção de massa verde, de modo a propiciar maior disponibilidade de nutrientes no solo.
Além disso, o material resultante da poda de árvores e arbustos – feita de modo manual e mecanizado – é distribuído no solo para suprir a demanda de nutrientes. Na área é feito o controle biológico de pragas, evitando-se produtos químicos como inseticidas e herbicidas. Outro diferencial do sistema agroflorestal está na irrigação, usada somente em casos extremos no período da seca com auxílio de caminhão pipa.
Além de ser uma alternativa de produção sustentável de alimentos, a agrofloresta é um atrativo para a fauna, na medida em que possibilita uma nova dinâmica que reequilibra o ecossistema. No Legado Verdes do Cerrado, por exemplo, a área cultivada recebe visita constante de antas, raposas, catitus, tatus e diversas espécies de pássaros nativos.
“Para a estratégia de negócios do Legado Verdes do Cerrado, a agrofloresta mostra-se uma oportunidade incrível, pois possibilita diversas safras ao longo do ano, permite maior integração com o bioma e ainda desenvolve novas perspectivas, seja com a produção dos frutos do Cerrado – baru e cajuzinho -, ou com a integração com a comunidade de Niquelândia. Por meio da parceria desenvolvida com o Instituto Tiradentes, os alunos estão aprendendo essa técnica, que levam para suas próprias propriedades”, explica David Canassa, diretor da Reservas Votorantim, que administra a Reserva.