Pesquisa científica que analisa solo e mapeia a maior área de cerrado conservado do Brasil servirá de guia para agricultores da região
Considerando que a melhoria da eficiência agrícola e a conservação ambiental podem ser solucionadas ao se entender o solo de um território, a Reservas Votorantim firmou parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG) para a realização de um estudo diferenciado das características do solo no Legado Verdes do Cerrado, área com 32 mil hectares, de propriedade da CBA – Companhia Brasileira de Alumínio, localizada em Niquelândia (GO).
O mapeamento, iniciado em 2019, determinará qualidades e fragilidades do solo, permitindo a elaboração de um zoneamento da área e a compreensão das características do solo no Legado Verdes do Cerrado, que nortearão as atividades agrícolas na região. “Compreender os solos permite termos melhores estratégias de conservação e produção, tanto para as áreas de cerrado nativo como nas áreas com atividades agropecuárias. Esse trabalho nos levará a um novo patamar de entendimento do Cerrado, e estará disponível a todos após sua publicação”, explica o diretor das Reservas Votorantim, David Canassa.
A pesquisa “Qualidade dos Solos das Regiões Cársticas” é bifocal, segundo afirma a pesquisadora Renata Momoli, que coordena os trabalhos com apoio de alunos da UFG. “O objetivo do projeto também é, de maneira inédita, conhecer como o solo se apresenta sobre o carste, sob o aspecto agrícola”, comenta. O carste é um tipo de relevo caracterizado pela corrosão das rochas, que pode levar ao aparecimento de uma série de feições, tais como cavernas, dolinas e rios subterrâneos. De acordo com Renata, o relevo cárstico se expande em vários biomas do Brasil. Em Goiás, parte das terras de Niquelândia inserem-se nesse contexto.
Etapas da pesquisa
Renata Momoli explica que o estudo é minucioso e envolve desde ações em campo até análises em laboratório. A partir da seleção das áreas prioritárias para o estudo, escolhidas conforme o uso para agricultura, é feito o georreferenciamento, observa-se o relevo e é feito o zoneamento. Com imagens de satélite, se faz uma análise espaço-temporal do uso do solo. Outra etapa é a análise descritiva do solo, quando se observa parâmetros como profundidade, cor, textura, estrutura e atração magnética. De trincheiras de até dois metros de profundidade são extraídas amostras que são encaminhadas para análises em laboratório. Lá, se verifica fertilidade e matéria orgânica, composição granulométrica e de partículas orgânicas e minerais.
“É um detalhamento essencial para fazer o mapa de solos. Todos esses dados compõem um mapa de zoneamento que mostrará o que tem, onde tem e como usar de forma a conservar a beleza, a biodiversidade e garantir a produtividade nessa área” destaca Renata Momoli.
A pesquisadora reforça ainda a importância de os agricultores cuidarem do solo. “A acelerada degradação dos solos compromete a longevidade e perpetuação tanto das espécies animais e vegetais como da própria produtividade agrícola. É muito bom ver que no Legado há essa preocupação de se conservar a Reserva no aspecto ambiental, mas também tendo em vista a longevidade na produção agrícola com o apoio de pesquisas, pois é com conhecimento que se desenvolve estratégias para uso e manejo sustentável do solo”, explica.