Os promotores de Justiça Cláudio Braga Lima e Juan Borges de Abreu ofereceram denúncia contra o médico Willian Francisco Pereira, que trabalha no Hospital Municipal de Quirinópolis, acusando-o pela morte de três pacientes em decorrência de omissão no atendimento. O profissional foi denunciado por homicídio doloso em relação aos casos de Luzia Rosa de Oliveira e do filho recém-nascido de Patrícia Santos de Oliveira e por homicídio culposo na morte de Priscila D’Addaria.As mortes dos pacientes já levaram o MP a propor ação civil pública por improbidade administrativa contra o médico no final de fevereiro, em razão de seu vínculo de trabalho com a unidade pública do município. Nesta ação, entre os diversos pedidos está o da suspensão da licença médica do réu até pronunciamento definitivo sobre o caso por parte do Conselho Federal de Medicina, bem como a perda da sua função pública.
Omissões
De acordo com o relatado na denúncia, em agosto de 2010, a paciente Luzia Rosa de Oliveira deu entrada no Pronto-Socorro do Hospital Municipal. Após ser medicada por Willian Francisco, o quadro clínico da mulher se agravou. Ao ser chamado pela auxiliar de enfermagem Arima Lima Justina Freitas, ele se recusou a atender novamente a paciente. A diretora do hospital, Claudina Mendes, foi avisada e pediu a outro plantonista para checar o estado de Luzia. O plantonista percebeu que a paciente havia entrado em estado de coma e a encaminhou para Goiânia, onde ela morreu 24 dias depois.Em junho do último ano, Patrícia Santos de Oliveira, grávida de quatro meses, deu entrada no pronto-socorro queixando-se de dores na barriga. O réu era responsável pelo plantão e ficou no quarto de repouso dos médicos. Uma das técnicas em enfermagem o avisou pelo interfone e, sem sair do local, William receitou dois medicamentos, liberando a paciente em seguida. Horas depois, Patrícia voltou ao hospital e foi atendida por outro médico. A mulher entrou em trabalho de parto e o bebê nasceu. Porém, devido à baixa idade, a criança morreu, após agonizar por alguns minutos.Já em 2008, mesmo não possuindo especialidade médica em anestesia, ele foi escalado para a função na cirurgia de Priscila D’Addaria, tendo realizado uma raquianestesia. Após o procedimento, a paciente sofreu paralisia no cérebro e, em seguida foi entubada de forma errada. Priscila acabou morrendo no Hospital Materno Infantil na capital.Caso o médico seja condenado pelos crimes, as penas para os dois homicídios dolosos podem variar de 6 a 20 anos de reclusão, cada um, enquanto para o homicídio culposo é estipulada entre 1 a 3 anos de detenção. Rafael Vaz (MP-GO)