Legado Verdes do Cerrado já recebeu mais de 400 crianças de instituições e escolas públicas para promover educação ambiental por meio do contato imersivo com o bioma
A conservação da savana mais biodiversa do mundo tem contado com um importante aliado no Norte Goiano: o Programa Portas Abertas do Legado Verdes do Cerrado, primeira Reserva Privada de Desenvolvimento Sustentável de Goiás, localizada em Niquelândia, de propriedade da CBA – Companhia Brasileira de Alumínio. A edição 2024 do programa encerrou neste dia 30 de outubro, com a visita de quase 30 crianças niquelandeses da Escola Municipal Padre Valentim Rodrigues. O balanço de três anos do programa mostra que a Reserva já recebeu mais de 400 crianças para “aulas a céu aberto” com o objetivo de proporcionar e ampliar o conhecimento sobre o Cerrado.
Desde 2022, a iniciativa lança editais anuais para que escolas públicas, instituições beneficentes e sem fins lucrativos, associações e cooperativas de Niquelândia, municípios limítrofes e da região da Chapada dos Veadeiros possam se inscrever para conhecer a Reserva gratuitamente. O roteiro inclui trilha, passeio nas áreas de agrofloresta e visita ao Centro de Biodiversidade, uma iniciativa inédita no país que une pesquisa científica com a produção de espécies nativas da flora do Cerrado.
De acordo com David Canassa, diretor da Reservas Votorantim, empresa gestora do Legado Verdes do Cerrado, toda a programação foi pensada para promover diversão e, ao mesmo tempo, contato imersivo das crianças com a natureza. “Como a gente percebe e cria um vínculo com o mundo lá fora? Vivendo ele! Por isso, além de uma experiência imersiva – e segura – com o Cerrado, o roteiro permite que as crianças conheçam o bioma de uma forma divertida, para se relacionarem com ele, perceberem a imensidão, mas os detalhes também”, explica o diretor.
Canassa acrescenta que o contato também permite fazer conexões importantes, a exemplo de como o bioma fornece serviços ecossistêmicos essenciais para a nossa sobrevivência, como a água. “Se você mostra os rios e as florestas para as crianças, e explica que ali é a casa da onça-pintada, do lobo-guará, da anta e muitos outros animais, e que aquela mesma floresta protege os rios que levam a água para a nossa casa, que nos fornece remédios e alimentos, tudo isso associado ao vínculo que ela está criando naquele momento de contato, fica muito mais fácil e, provavelmente, mais eficaz a assimilação. Uma grande porta é aberta para o afeto pela conservação, para explicar por que é importante proteger o Cerrado”, comemora o diretor.
Aula a céu aberto
“As visitas ao Legado Verdes do Cerrado foram um divisor de águas”, destaca Luceni Campos Gomes, diretora da Escola Municipal Iná de Souza Mendonça. Em 2024, a escola levou a terceira turma de alunos do 5º ano para a Reserva por meio do Portas Abertas. “É perceptível ver o impacto que teve nos alunos. A visita complementou e permitiu aos alunos vivenciarem o que eles veem nos livros. Quinzenalmente, temos uma aula especial sobre Meio Ambiente, os comentários, o vocabulário e até mesmo a postura dos estudantes mudaram. É possível ver o brilho no olho deles quando falam sobre a natureza. E não fica só no discurso! O respeito e carinho refletem nas áreas verdes da escola, se tem lixo fora do lugar os alunos recolhem, se tem planta que precisa de água eles regam, a conexão mudou”, celebra a diretora.
A aluna Nicole Almeida Martins, do 5º ano da Escola Municipal Iná de Souza Mendonça, esteve pela primeira vez em uma área natural de Cerrado neste ano e afirma que a experiência será inesquecível. “É muito lindo, dá para ver que tudo está em harmonia ali. Eu aprendi muito sobre o Cerrado, é uma experiência que levarei para vida toda. Eu acho muito importante a gente ter essas oportunidades”, diz Nicole.
Portas abertas para novas possibilidades de carreira
Já de acordo com a professora e pedagoga Cleiciene Rodrigues da Silva Sodré, da Escola Estadual Professor Agostinho Nunes De Souza, para os alunos do 8º e 9º ano que visitaram o Legado Verdes do Cerrado, além do encantamento, foi uma oportunidade para conhecer novas profissões.
“Quando tive a ideia de levar as turmas para a Reserva, queria que eles conhecessem o bioma a fundo, entrassem em contato com essa natureza. Mas me surpreendi positivamente, todos nós ficamos surpresos, pois conhecemos um mundo que estava muito além do que imaginávamos, como as profissões possíveis com a conservação da biodiversidade e com a integração lavoura, pecuária e floresta. Para uma região com tantos empregos no agronegócio, ver que existe essa possibilidade de integrar conservação e agropecuária abriu nossos olhos para um futuro muito diferente do que conhecíamos até então, um impacto muito significativo para esses adolescentes que logo ingressarão no mercado de trabalho, poderá fazer escolhas profissionais que estejam mais alinhadas com a conservação do bioma, sem renunciar à sua cultura e história”, finaliza.
A professora se refere ao modelo de negócio aplicado no Legado Verdes do Cerrado de múltiplo uso da terra, dos 32 mil hectares de seu território, 20% estão destinado às economias tradicionais (agropecuária), usados de maneira rentável e inovadora – como a integração lavoura, pecuária e floresta, e 80% são voltados para negócio da nova economia, como a produção de espécies da flora nativa para reflorestamento e paisagismo, crédito de carbono, pesquisa científica entre outras iniciativas baseadas na floresta em pé.
Sobre o Legado Verdes do Cerrado
O Legado Verdes do Cerrado, com aproximadamente 80% da área composta por cerrado nativo, é uma área de 32 mil hectares da CBA – Companhia Brasileira de Alumínio, uma das empresas investidas no portfólio da Votorantim S.A. A cerca de três horas de Brasília, é composta por dois núcleos. No núcleo Engenho, nascem três rios: Peixe, São Bento e Traíras, de onde é captada toda a água para o abastecimento público de Niquelândia/GO. Nele está a sede do Legado Verdes do Cerrado onde, em 23 mil hectares, são realizadas pesquisas científicas, ações de educação ambiental e atividades da nova economia, como produção de plantas e reflorestamento; enquanto 5 mil hectares são áreas dedicadas à pecuária, produção de soja e silvicultura. O núcleo Santo Antônio Serra Negra, com 5 mil hectares, mantém o cerrado nativo intocado e tem parte de sua área margeada pelo Lago da Serra da Mesa.