Crianças com autismo têm até 184% mais risco de desenvolver doenças metabólicas e cardiovasculares

Estudos revelam que pessoas com TEA apresentam maior propensão a problemas como hipertensão, diabetes e doenças cardíacas. Especialistas pedem atenção redobrada desde a infância

esquisa publicada no JAMA Pediatrics aponta que risco de doenças cardíacas são 46% maiores em crianças com TEA (Foto: Freepik)

Um estudo recente publicado no JAMA Pediatrics trouxe novas evidências sobre a relação entre o TEA (transtorno do espectro autista) e doenças crônicas que afetam o coração e o metabolismo. A análise mostra que crianças com autismo têm maior probabilidade de desenvolver condições como diabetes tipo 2, hipertensão arterial e doenças cardíacas — com índices bem acima da média registrada entre crianças neurotípicas.

De acordo com os pesquisadores, o risco de diabetes é 184% maior entre crianças com TEA. Para pressão alta, o aumento é de 154%, e para doenças cardíacas em geral, 46%. Os dados preocupam profissionais de saúde, que destacam a importância de um olhar mais abrangente no acompanhamento médico em torno desses pacientes.

Para a cardiopediatra, membro da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), Mirna de Sousa, embora já se conheça a ligação entre TEA e problemas como obesidade e distúrbios gastrointestinais, a maior preocupação com as condições que afetam o coração e o metabolismo se dá pelo fato de vezes serem silenciosas e subdiagnosticadas. “É preciso olhar para essas crianças de forma integral. O risco cardiometabólico está presente e pode ser agravado por fatores comuns no autismo, como a seletividade alimentar e altos níveis de estresse em determinadas situações”.

Durante a campanha Abril Azul, voltada à conscientização sobre o autismo, profissionais da saúde aproveitam para reforçar a importância do acompanhamento multidisciplinar. “Muitas famílias se concentram nas terapias voltadas ao desenvolvimento cognitivo e sensorial, o que é fundamental. Mas também é essencial incluir o monitoramento do crescimento, da alimentação, da pressão arterial e de exames laboratoriais de rotina”, afirma a cardiopediatra.

Vida adulta

O estudo indica ainda que adultos com autismo também apresentam maior prevalência de diabetes tipo 2, colesterol alto e doenças cardíacas, o que aponta que o risco identificado na infância tende a se estender ao longo da vida. Para os especialistas, quanto mais cedo essas condições forem detectadas e tratadas, menores serão os impactos a longo prazo. “A intervenção precoce pode ajudar a minimizar riscos futuros. Não se trata de alarmar, mas de prevenir de forma cuidadosa e afetuosa”, conclui Sousa.

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