A primeira safra do Programa Lavoura Comunitária foi colhida em 1999. De lá para cá, 14 anos se passaram e o programa continua sendo sucesso e contemplando milhares de famílias por todo o Estado de Goiás. Segundo a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seagro), órgão responsável pelo programa, mais de 700 mil famílias já foram beneficiadas.
Mas o que é o Lavoura Comunitária? É um programa que envolve o Governo de Goiás, que fornece as sementes e os fertilizantes, além de prefeituras, entidades e o principal beneficiado: o agricultor. As prefeituras repassam os insumos às associações locais que relacionam as famílias interessadas. Enquanto isso o agricultor recebe todo o auxílio necessário e usa de sua experiência no plantio e colheita, garantindo a alimentação de suas famílias.
Celso Nunes é um desses agricultores e também presidente de Associação. Nasceu na zona rural da cidade de Barro Alto, localizada a quase 200 quilômetros da capital Goiânia e de lá nunca saiu. Aos 62 anos de idade, vive com a esposa em uma fazenda junto com outras 23 famílias. Os filhos de seu Celso foram para a cidade estudar e por lá ficaram. Ele confessa que não tem desejo de ir para a cidade e gosta mesmo é da vida no campo. Acorda às sete horas da manhã e fica até umas sete da noite plantando arroz.
Além de Celso, no último dia 17 outros representantes de 138 cidades goianas estiveram na Seagro para o lançamento da safra 2013/2014. Segundo o titular da Seagro, Antônio Flávio Camilo de Lima, a expectativa para esta safra é beneficiar aproximadamente 100 mil pessoas em todo o Estado, ou seja, em torno de 20 mil famílias. A estimativa é que sejam plantados 7.466 hectares de arroz e 6.050 hectares de milho. Os insumos e fertilizantes começaram a ser entregues na mesma semana do lançamento e os agricultores já vão começar o plantio.
Avanços
O Lavoura Comunitária foi sendo aprimorando ao longo dos anos. Antônio Flávio explica que antes a Seagro fornecia 150 quilos de insumos por hectare e agora são 250 quilos. A qualidade do adubo também melhorou, se tornando mais concentrado. Todas as entidades participantes estão devidamente regularizadas. Outro avanço citado por ele é a entrega de insumos aos agricultores na hora apropriada para o plantio.
A presidente da Associação dos Pequenos Produtores do Assentamento Santa Fé, na cidade de Barro Alto, Rogéria Santana, explica que é extremamente importante que os insumos sejam entregues na época correta para o plantio para que não haja perdas. Ela acrescenta que “sem esse projeto, a gente não teria como viabilizar e propiciar a plantação de arroz, de milho para a comunidade. Os insumos e sementes são caros e são famílias que não têm condições de comprar. Dá um retorno muito gratificante para cada família que recebe no final da colheita o seu produto”.
Kene Aparecida dos Santos é também presidente de Associação, mas em Água Fria de Goiás, localizada a aproximadamente 300 quilômetros de Goiânia. Ela ressalta que em sua entidade são beneficiadas 25 famílias e o programa é importante para o consumo dessas pessoas. “Ajuda as famílias a ter mais desenvolvimento dentro das comunidades, plantar e colher melhor”.
O Lavoura Comunitária garante o básico do sustento dessas famílias e também serve para a complementação da renda familiar. Segundo Antônio Flávio é um programa de inclusão social.
Mais beneficiados
Os agricultores não são os únicos beneficiados através do Lavoura Comunitária. O Programa atinge positivamente mais pessoas em Goiás. As entidades cadastradas à Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), como creches e asilos, também são contempladas.
Segundo o coordenador-geral da Organização, Afrêni Gonçalves, a partir do ano que vem 4% da produção vão para essas entidades. Até na última safra (2012/2013) eram 2%. “O alto custo da aquisição de alimentos onera muito o orçamento, normalmente apertado, das várias instituições que enfrentam dificuldades para desenvolver seus programas de atendimento às pessoas carentes”. Para se ter uma ideia, em 2012 foram repassadas à OVG cerca 340 toneladas de arroz e em 2011, 550 toneladas de alimentos (arroz e milho). Para o próximo ano, a estimativa é que sejam repassadas 800 toneladas de alimentos.