O suspeito era dirigente de cooperativa e é acusado de participar de um esquema de fraudes no transporte público no Distrito Federal
O empresário Ronaldo de Oliveira, de 45 anos, suspeito de participar de um esquema de fraudes no transporte público do Distrito Federal que superou R$ 1 bilhão, foi preso pela Polícia Militar no último dia 12 em Niquelândia.
O escritório de advogados que faz a defesa do suspeito informou, em nota, que os fundamentos da decisão judicial que determinou a prisão não correspondem com a realidade e que serão objeto de nova discussão no Judiciário. O processo ainda está em primeira instância, segundo a defesa, e não há condenação.
Ronaldo era dirigente de uma cooperativa e é acusado de fraudes no sistema de bilhetagem eletrônica do extinto Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans). O Supremo Tribunal Federal (STF) expediu mandado de prisão contra ele em novembro de 2020.
A Polícia Militar recebeu denúncia anônima sobre o paradeiro do empresário e o localizou em uma caminhonete no Setor Boa Vista, em Niquelândia. Após a identificação e com o mandado de prisão em mãos, os policiais efetuaram a prisão.
Operação Trickster
Os supostos desvios no DFTrans foram investigados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do DF (MP-DF) em 2018. Os promotores de Justiça denunciaram cinco pessoas por organização criminosa e crime de inserção de dados falsos em sistema de informações. Entre os denunciados estava Ronaldo de Oliveira.
O empresário teve um mandado de prisão em 2019, mas conseguiu uma liminar suspendendo a decisão. Em novembro de 2020, o STF suspendeu essa liminar e determinou novamente a prisão do suspeito. Desde então, ele era procurado pela polícia.
A Justiça autorizou também, em 2018, o sequestro de R$ 71 milhões em bens e dinheiro das contas dos alvos e de empresas das quais eram sócios. Os valores devem ser usados para ressarcir os cofres do governo do Distrito Federal.
Fraude
A suspeita é de que o esquema tenha começado em 2014 e durado quatro anos. Segundo a acusação, o grupo usava os cartões em ônibus de forma sequencial e em linhas diferentes.
O processo revela que os suspeitos adquiriam de terceiros cartões vale-transporte, estudantil e especial por valores inferiores aos originais. Em seguida, eles acionavam os validadores de viagens para simular o transporte de passageiros, o que gerava créditos por serviços não prestados.
À época, o sistema da autarquia registrou que um mesmo cartão de vale-transporte chegou a ser utilizado 60 vezes, em apenas uma linha de ônibus, em um prazo de oito segundos.
Ainda de acordo com a denúncia, o grupo é suspeito de subornar o ex-coordenador da Unidade de Bilhetagem Automática do DFTrans para que não fiscalizasse as irregularidades cometidas pelo grupo.