O aumento da conta de energia elétrica dos goianos vem acompanhada de uma piora inaceitável dos serviços. De abril de 2017 a abril de 2018, Goiás apresentou o maior aumento do País.
Os relatos de quem mora no Interior são dramáticos. Tem municípios que ficam até três dias inteiros sem energia. Em todo o estado, produtores de leite e de frango estão perdendo suas produções, pequenos comerciantes com seus produtos estragando, famílias tendo prejuízos com alimentos e eletrodomésticos.
O governador Ronaldo Caiado, disse que já tentou uma solução com a própria diretora da Enel, mas a resposta não foi satisfatória, já que os representantes afirmaram que a decisão de novos investimentos e soluções para as demandas de Goiás dependiam de decisão de investidores em Roma, na Itália, onde está a sede da empresa. “Eu disse, está muito distante e o goiano começa a dizer que está com saudade da Celg, porque em uma situação como esta, não podemos aceitar, que Goiás fique na dependência da deliberação de Roma, diante de um colapso completo de energia em todas as regiões do Estado”, observou.
Caiado também relatou sua preocupação com o fato de a Enel estar se expandindo em todo Brasil. A empresa atua em várias partes do País e recentemente comprou a Eletropaulo, empresa de distribuição de São Paulo, que tem mais de sete milhões de consumidores. “Precisamos saber se estão priorizando outras áreas e deixando de lado Goiás”, questionou o governador.
Ronaldo Caiado disse que irá defender o Estado contra os desmandos da empresa, até que haja satisfação dos consumidores e até o momento que a energia elétrica não seja um fato inibidor do crescimento de Goiás. “Estamos assumindo nossa responsabilidade. Estive em Brasília e, a convite nosso, o diretor da Aneel Rodrigo Limp esteve aqui. Também estive com o presidente do Senado (Davi Alcolumbre), presidente da Câmara (Rodrigo Maia), presidente do BNDES (Joaquim Levy) e com representantes do Ministério de Minas e Energia. Estamos aguardando o plano de emergência que vão apresentar”, reiterou Caiado, observando que irá exigir que o plano seja melhor detalhado para “que possamos identificar como daremos conta de atender às demandas solicitadas, para não ficar apenas um projeto no papel”.
Depois do aumento anunciado pela empresa, o senador por Goiás, Vanderlan Cardoso, apresentou requerimento junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), e à Enel Distribuição, pedindo a suspensão do reajuste no preço da energia. Vanderlan apresentou uma lista de fatores que qualifica o aumento como abusivo, causando prejuízo eminente ao consumidor.
“Temos que dar um basta nesses abusos, não há nada que justifique esse aumento. Quem trabalha e quem gera emprego e renda nesse País não podem mais continuar pagando a conta da má gestão”, apontou Vanderlan.
A ANEEL aprovou, no dia 16 de outubro de 2018, um aumento médio de 15,31% na conta de luz para clientes de baixa tensão, que são em sua maioria formada por residências, e de 26,52% para média e alta tensão. O reajuste, que está valendo desde o dia 22 de outubro de 2018, segundo especialistas, esse aumento está bem acima dos índices inflacionários.
Segundo dados do IBGE, Goiás foi o estado onde o preço da energia elétrica mais aumentou nos últimos meses. Enquanto no restante do Brasil o aumento médio foi de 1,46%, aqui em Goiás chegou a 13,73%, maior variação do País, segundo o índice de Preços ao Consumidor (IPCA).
A empresa não comprovou nenhum investimento para melhoria no sistema elétrico que justifique esse aumento. Ao contrário, de 2017 até o primeiro trimestre de 2018, a ANEEL já havia registrado 9,9 mil reclamações por falhas nos serviços prestados pela Enel (antiga Celg).