O encontro tem como objetivo resgatar as manifestações culturais indígenas e foi prestigiado por centenas de pessoas, entre os visitantes, estudantes e professores de toda rede de ensino da região. No local, os alunos e os visitantes tiveram a oportunidade de conhecer de perto a integração dos representantes das comunidades remanescentes indígenas, ciganas, quilombolas e ribeirinhas, mostrando seus hábitos, costumes, tradições festivas e religiosas.
O evento foi realizado nos dias 28 de agosto a 01 de setembro no Memorial Serra da Mesa e contou com apresentação dos grupos folclóricos da região; exposição e venda de artesanatos indígenas e quilombolas; festival de piadas; presença de indígenas (mebengokres); ciganos; dona Antônia do Cerrado; desfile de folias; oficinas de reaproveitamento do Cerrado, de Argila, de Berrante e Xilogravura; fabricação de biju; café da roça e caldo de cana.
Um dos temas principais da 5ª Semana do Folclore Serra da Mesa foi “A importância da cultura cigana na fundação de Uruaçu”, com a chegada do Coronel Gaspar ao município, muitos ciganos que habitavam a região foram embora, pois na época, eram muitos discriminados, sendo considerados ladrões de cavalos, alguns foram para a cidade Goiás realizar trabalhos escravos, outros se dispersaram para outras regiões, mas até hoje continuam andarilhos por aí. “Ainda existem muitas famílias descendentes de ciganos no município de Uruaçu, muitos não assumem por vergonha, por medo de serem discriminados, mas após esse evento eles vão se sentir orgulhosos de suas raízes, nós vamos contar essa história num livro, falar sobre a importância dos ciganos na fundação do município de Uruaçu”, disse Sinvaline Pinheiro.
O evento contou a presença do Grupo de ciganos, Kallons que montou seu acampamento no memorial e veio contribuir na discussão sobre a história dos ciganos no município de Uruaçu, e também quebrar barreiras na questão de discriminação do povo cigano. “Participar de um evento como esse, é um avanço pra nossa família, nós sofremos muitos preconceitos, cada município que abre as portas para nossa cultura, nossa forma de vida, é uma vitória. Nós ciganos fizemos parte da constituição do país, mas até hoje os municípios são os nossos maiores inimigos, o Governo Federal nos ajuda muito, mas os municípios não nos deixam ter acesso a inclusão social, somos praticamente 100% analfabetos, tiramos nosso sustento das nossas apresentações em praça pública, isso quando nos deixam apresentar”, disse Maura Piemonte da Comissão Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais.
Outra novidade foi a presença da Dona Antônia Lopes de Oliveira, artesã, do Projeto Assentamento Silvio Rodrigues de Alto Paraíso. Ela trouxe toda sua arte para a Semana do Folclore através de oficina do Ponto de Cultura. Participando pela primeira vez do evento, ela conta que começou a produzir suas obras de artes aos 8 anos de idade e nunca mais parou. “É o dom de Deus, foi brincando e cuidando de crianças que comecei a inventar brinquedos, era nossa diversão. Foi uma brincadeira que virou verdade”, conta dona Antônia.
O Projeto Fazendo Arte, da Assembleia de Deus Missão Bahia, também participou do evento, onde tem por objetivo, fazer um resgate sociocultural de crianças e adolescentes de comunidades carentes, oferecendo aos jovens de 12 a 17 anos, oficinas de teatro, reciclagens, artesanato, dança, coral. “Coração de criança é terra fértil, tudo que se planta colhe. Hoje o mundo está plantando muitas coisas ruins, então nós fazemos o resgate desses jovens, ensinamos valores e trabalhamos numa linha psicológica”, ressaltou a coordenadora do projeto.
O evento contou com o apoio da Prefeitura Municipal de Uruaçu, Faculdade Serra da Mesa (Fasem), Viação Montes Belos, Puc-GO, Universidade Estadual de Goiás (UEG) e Fundação Serra da Mesa.